quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Um Poema por Semana - A Rua

A Rua

Olho a rua, tentando perceber
qual o seu fim, a sua vontade,
se chora por merecer
esse lixo espalhado pelo chão,
ou se por simplesmente não ter o poder
de reagir contra tal provocação.
Talvez seja só impressão minha,
ou até imaginação,
mas pareço sentir uma certa tristeza,
um choro abafado,
nesta rua pela qual passo
junto com essas pessoas nesse andar acelerado.
Quem sabe são só lágrimas de crocodilo
e estou eu aqui preocupada com este sítio
enquanto que ele ri-se e goza comigo.
Sinto porém que tal hipótese é uma mentira,
chamem-lhe premonição, sexto sentido,
mas realmente acredito
que verdadeiro é o choro desta avenida
e real o motivo de tal infeliz vida.

Gostaria de lhe perguntar
ajudá-la a desabafar.
Mas este não é o meu ponto de chegada
nem sequer de partida,
e a vida continua
tanto para mim, como para a rua.
E por mais que ela chore, ou finja chorar
eu sigo em frente, sem sequer parar.
De que vale o porquê tentar saber
se apenas silêncio irei receber?

Digo Adeus, num derradeiro olhar.
Lastimo tudo o que ficou por dizer
e tudo o que ainda se irá falar.
No entanto, e por enquanto,
algo me espera, seja lá o que for.
E eu vou, lá para onde vou

2.º Prémio – Ensino Secundário Concurso Literário ESPBS 2008

Daniela Sofi a Matos Sousa

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