segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Um Poema por Semana - Nascem de todo o lado

Nascem de todo o lado,
De esquinas,
De travessas,
De ruelas.
Afluem como se não houvesse amanhã,
Ofegantes,
Apressados,
Loucos.
Passam-me ao lado e calcam-me,
Sem dó,
Sem piedade,
Febris,
Desvairados e indiferentes.
Sinto-me desmembrada.
Desafortunadamente,
Nesta selva,
O tempo possui
Uma lenta
E dolorosa
Eternidade.
Passam ao lado de toda a gente
E no entanto estão sozinhos…
Tristemente sozinhos…
Mas não tanto como eu
Que sufoco,
Definho,
E suplico a minha vida.
Debalde, ecoa fortemente a minha voz
Na aridez, no vazio
Desta imundície de almas.
Nisto,
Saciadas as necessidades,
Viram as costas as bestas
E seguem em frente
Rumo à hibernação.
E eu, ali fico
Prostrada,
Queda,
Sem forças nem a mínima reacção.
Apenas com uma certeza:
A de ficar menos só
Na agora agradável solidão.

1.º Prémio – Ensino Secundário Concurso Literário ESPBS 2008
Ana Olinda Azevedo Correia

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