A exposição patente na biblioteca escolar enquadra-se no projeto da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, intitulado “De Famalicão para o Mundo” que visa a divulgação do património famalicense e incentivar a abordagem da História Local, através da realização de estudos e projetos escolares.
Com esta exposição pretendemos motivar os alunos para o conhecimento do contexto histórico da ajuda humanitária prestada pela Cáritas portuguesa no imediato após II Guerra Mundial. De referir, que o concelho de Famalicão recebeu 45 crianças austríacas entre 1947 e 1958. Escapando, durante algum tempo, à miséria de uma pátria devastada pela guerra, encontraram no Portugal do Estado Novo guarida e, na maioria dos casos, afeto: uma experiência que, além de se ter repercutido nas suas memórias e percursos, também deixou marcas que, embora cada vez menos percetíveis, continuam a fazer-se sentir em Portugal.
Assim, em 1945 terminada a 2ª Guerra Mundial, a Áustria ocupada pelos aliados foi dividida em quatro zonas distintas.
Em cidades como Viena muitas pessoas viviam nas ruínas dos edifícios bombardeados, a alimentação e a roupa escasseavam, as crianças sofriam com mais fome do que durante a guerra, frio e problemas de saúde daí decorrentes.
A Áustria destruída e economicamente devastada solicitou ajuda humanitária através da Cáritas austríaca, que lançou um apelo através dos jornais e da rádio a diversos países, entre os quais Portugal.
A crianças austríacas viajavam maioritariamente de barco de Génova para Lisboa.
Os critérios de seleção diziam respeito à saúde: subalimentação, doenças pulmonares, estado psíquico e falta de concentração nas aulas. No contexto familiar deu-se prioridade às famílias numerosas e mães sozinhas devido a um marido desaparecido, morto ou inválido. As condições habitacionais também eram consideradas. Foram elaborados documentos com os dados pessoais das crianças e nos atestados médico recomendava-se a “Ida para Portugal”, assim como a necessidade urgente de a criança aumentar de peso.
As crianças permaneceram em Portugal em média entre 6 meses a 1 ano, registando melhorias de saúde, pelo bom acolhimento realizado pelas famílias portuguesas exímias no fornecimento de alimentação farta e saudável e onde o afeto também não faltou.