terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Autor do mês





José Rodrigues dos Santos

José Rodrigues dos Santos nasceu em 1964 Moçambique. É sobretudo conhecido pelo seu trabalho como jornalista, carreira que abraçou em 1981, na Rádio Macau. Trabalhou na BBC, em Londres, de 1987 a 1990, e seguiu para a RTP, onde começou a apresentar o 24 horas. Em 1991 passou para a apresentação do Telejornal e tornou-se colaborador permanente da CNN entre 1993 e 2002.
Doutorado em Ciências da Comunicação, é professor da Universidade Nova de LIsboa e jornalista da RTP, tendo ocupado por duas vezes o cargo de Director de Informação. da televisão pública. É um dos mais premiados jornalistas portugueses, galardoado com dois prémios do Clube Português de Imprensa e três da CNN, entre outros.

Bibliografia

O Sétimo Selo - Gradiva Publicações

A Fórmula de Deus - Gradiva Publicações

O Codex 632 - Gradiva Publicações

A Filha do Capitão - Gradiva Publicações

A Ilha das Trevas - Gradiva Publicações

A Verdade da Guerra - Gradiva Publicações

Comunicação - Prefácio

Crónicas de Guerra - Vol. II - Gradiva Publicações

Crónicas de Guerra - Vol. I - Gradiva Publicações

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A Gramática viva

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento.
Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus!
Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas:
Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.


Nota:1– Este texto chegou-me por e-mail e é uma redacção feita por uma aluna de Letras, que obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa.

2 – Espero que a autora Fernanda Braga da Cruz não se oponha à publicação do texto neste blogue.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Resultados do Inquérito

Publicamos o resultado do inquérito feito a toda a comunidade educativa no início deste ano lectivo. Este inquérito reflecte o que pensa esta comunidade do funcionamento da BE/CRE - A Casa de Camilo.
Número de inquiridos: 311
1- Cordialidade no atendimento
a) Nada satisfeito - 3
b) Pouco satisfeito - 25
c) Satisfeito - 87
d) Bastante satisfeito - 123
e) Muito satisfeito - 70
2- Ordem no atendimento
a) Nada satisfeito - 1
b) Pouco satisfeito - 20
c) Satisfeito - 90
d) Bastante Satisfeito - 129
e) Muito satisfeito - 66
3- Silêncio e Tranquilidade do espaço
a) Nada satisfeito - 3
b) Pouco satisfeito - 28
c) Satisfeito - 95
d) Bastante satisfeito - 133
e) Muito satisfeito - 43
4- Resposta às necessidades do utilizador
a) Nada satisfeito - 3
b) Pouco satisfeito - 16
c) Satisfeito - 86
d) Bastante satisfeito - 139
e) Muito satisfeito - 61
5- Qualidade do apoio prestado
a) Nada satisfeito - 1
b) Pouco satisfeito - 17
c) Satisfeito - 87
d) Bastante satisfeito - 240
e) Muito satisfeito - 69
6- Limpeza e arrumação do espaço
a) Nada satisfeito - 1
b) Pouco satisfeito - 6
c) Satisfeito - 27
d) Bastante satisfeito - 109
e) Muito satisfeito - 163

TOP+ do 1º Período

Autores mais lidos:
1 - Nicholas Sparks
2- Paulo Coelho
3- José Saramago
Vídeo mais visto:
Click - nº 324
Cd mais ouvido:
Now 14 - nº 192
Melhor leitor do período:
1- Afonso Marques, nº 1 - 8ºB
2- Marta Carvalho, nº 23 - 10ºB
3- Anabela Oliveira, nº 5 - 11ºG

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Dicas para a promoção da leitura


A leitura está em crescendo nas escolas fruto de um excelente trabalho desenvolvido pelas bibliotecas escolares.
Gostava de contribuir para esse crescendo, enquanto coordenador desta biblioteca, deixando, neste espaço, algumas dicas para a promoção da leitura:
» a leitura é um caminho que cada um percorre;
» quando fazemos a promoção da leitura, não podemos esperar resultados imediatos;
» todos somos responsáveis por aqueles que não lêem;
» não se deve ler muito, mas ler melhor;
» devemos orientar leituras;
» não devemos ser radicais na escolha dos livros, revistas, etc:
» ninguém nasce leitor e ninguém nasce não leitor;
» a leitura é uma actividade que resulta de uma aprendizagem progressiva e lenta;
» o livro só pode ser visto como um divertimento;
» devemos compartilhar e transmitir o gosto pela leitura.
Este é o princípio de um desafio: acrescenta outras dicas que consideres relevantes.


O Coordenador da biblioteca

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Livro do mês



Miguel Sousa Tavares lança Rio das Flores

O Rio das Flores conta a história de uma família latifundiária alentejana ao longo de 30 anos, com o Alentejo, Espanha e Brasil como cenário.
«Este livro, devo-o em grande parte aos amigos, em grandessíssima parte, aos leitores», declarou o autor, perante uma sala cheia do Hotel Pestana Palace, local escolhido para apresentar o livro, em simultâneo com a inauguração de uma exposição de pintura sobre flores de uma amiga, Maria Ribeiro Telles.
«Se aqui estou hoje é porque eles me empurraram para aqui estar (...) Eu viveria perfeitamente bem até ao final dos meus dias com o estatuto de escritor de um só romance ('Equador', editado em 2003) - outros bem maiores do que eu fizeram-no», sustentou Miguel Sousa Tavares.
O seu primeiro romance foi resultado, explicou, «de um desafio e de um desejo muito antigo: durante mais de 20 anos sonhei tentar um dia escrever um romance de que eu próprio gostasse».
Depois de escrito e publicado, não o preocupou - sublinhou - «se [aquele livro] era o princípio de uma carreira».
«O que fiz a seguir foi pirar-me para caçar patos na Argentina», comentou Sousa Tavares, um confesso amante da caça.
Após muita insistência de amigos e leitores, dedicou-se à escrita do segundo romance, por considerar que «não era mais do que um serviço público, um serviço prestado aos outros», embora pudesse ser classificado como mais «um livro de aeroporto, como alguém disse em tom depreciativo».
«Este livro é o resultado de três anos de trabalho e de vida suspensa nesta empreitada», frisou.
«Três anos muito duros», em que passou mais de um ano a documentar-se sobre factos históricos daquelas três décadas do século XX, entre 1915 e 1945, e um ano fechado em casa a escrever, sem viajar, outra das suas paixões.
Apresentou O Rio das Flores o poeta e tradutor Vasco Graça Moura, a quem Miguel Sousa Tavares agradeceu por ajudá-lo a compreender melhor a sua própria escrita e que classificou como «o autor moral do livro».
Graça Moura sustentou que a obra «tem reais qualidades intrínsecas» que dispensariam, talvez, a enorme campanha de comercialização montada para a promover.
Fez, em seguida, uma análise bastante pormenorizada do romance, destacando aspectos como a densidade psicológica das personagens e a densidade da memória, «não só da memória histórica mas da memória familiar (...) que é também uma espécie de personagem tentacular».
Discordou, porém, da definição da obra como um romance histórico, feita por Sousa Tavares numa nota incluída no final do volume de mais de 600 páginas, editado pela Oficina do Livro.
«O facto de haver um fundo histórico muito bem documentado não chega para ser considerado um romance histórico (...), no sentido que tradicionalmente atribuímos à expressão, que vem do romantismo», defendeu.
«Nesse sentido, todos os romances cuja acção decorre numa determinada época histórica seriam romances históricos», insistiu, acrescentando, contudo, tratar-se de «uma divergência conceptual de muito pouca importância para o livro».
No plano estilístico, afirmou o poeta, «creio não errar ao falar de romance realista».
Como influências, Graça Moura enumerou uma longa lista de escritores, considerando a sua prosa «aparentada com algum Camilo, Eça, Fialho, Conde de Ficalho, Brito Camacho, Raul Brandão, Nemésio e Miguel Torga».
«Este é um livro com muita força, que se lê com a avidez e o prazer do leitor que quer saber como é que tudo aquilo acaba e o pode conseguir através de páginas muito bem escritas sobre algumas vidas que se desenvolveram num tempo trágico ainda próximo de nós mas felizmente cada vez mais distante do nosso próprio tempo», rematou.

Lusa/SOL