sábado, 20 de julho de 2013

O Império dos Homens Bons - Uma leitura de José Paiva

No seu último romance, O Império dos Homens Bons, Tiago Rebelo narra as aventuras e desventuras africanas do seu antepassado, o padre Joaquim Santa Rita Montanha, o qual, depois de recentemente ordenado sacerdote, deambula num sufoco diário pelas ruas de Lisboa, com uma crescente frustração, pela luta de uma Igreja em dificuldades, que tenta sobreviver à perca dos seus valores de outrora, despojada da sua riqueza e dos poderes que lhe tinham sido retirados, pelos governos surgidos da “Carta Constitucional”, um deles, efetuado através do decreto fatal, assinado pelo ministro da justiça de então, Joaquim António de Aguiar, o “Mata Frades”, “cortando as pernas ao clero para lhe limitar o poder, a influência económica e social, e os jovens padres como ele, alheios aos sofisticados bastidores da fina intriga política, testemunhavam, impotentes, a miséria que alastrava pelas ruas a olho nu”, (sic). Buscando um sentido para a sua vida, num país depauperado por guerras infindas, sendo a capital a montra da pobreza nacional, com a fome a grassar e o quotidiano se resumia, à sobrevivência, em que a Igreja se debate, sem recurso para acudir aos cidadãos famintos, Joaquim, sente então o chamamento vocacional, para, sugestionado por um dos seus mentores, se tornar missionário em Moçambique.


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