segunda-feira, 24 de junho de 2013

Um Poema por Semana - Velha Amiga

Velha Amiga

Sentei-me
E senti o frio do granito milenar percorrer as minhas mãos.
No horizonte,
Onde em tempos pensavam que começava o abismo,
O sol não exita em desaparecer.
Sombras surgem de todos os lados…
Todo o dia esperei este momento
Para que quando chegasses
Te pudesse contar todos os meus segredos.
Lentamente vais-te revelando,
Sinto a tua chegada e contudo não te sinto,
Vejo-te e contudo nada vejo,
Sei agora que estás comigo.
Sabes tudo o quanto sofri.
No silêncio,
Contaste todas as minhas lágrimas.
No silêncio,
Ouviste todos os meus murmúrios,
Todos os meus gritos.
Viste-me sorrir quando, em tempos remotos, amei…
Conheces todas as minhas fraquezas,
Sabes perfeitamente onde errei.
Nunca me desanimaste,
Pelo contrário, fizeste-me pensar de novo em tudo o que fiz.
Tornaste-te numa amiga e confidente,
Tornaste-te na sepultura dos meus segredos,
Dos meus crimes e dos meus medos,
Onde gravei num epitáfio:
In pace requiescant!
Não falas
Mas sei que me ouves.
Noutros tempos temi-te
Mas agora confortas-me.
Vive para sempre,
Minha Velha Amiga Escuridão.

António Soares, 12ºH – 2005/2006

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