Título: A Ilha das Trevas
Autor: José Rodrigues dos Santos
Edição/reimpressão: 2007
Páginas: 356
Editor: Gradiva Publicações
Sinopse
Paulino da Conceição é um timorense com um terrível segredo. Assistiu, juntamente com a família, à saída dos portugueses de Timor-Leste e a todos os acontecimentos que se seguiram, tornando-se um mero peão nas circunstâncias que mediaram a invasão indonésia de 1975 e o referendo de 1999 que deu a independência ao país.
Só há uma pessoa a quem Paulino pode confessar o seu segredo - mas terá coragem para o fazer?
A vida e tragédia de uma família timorense serve de ponto de partida para aquele que é o romance de estreia de José Rodrigues dos Santos, precursor de grandes êxitos como A Filha do Capitão, O Codex 632 e A Fórmula de Deus.
Um romance pungente onde a ficção se mistura com o real para expor, num ritmo dramático, poderoso e intenso, a trágica verdade que só a criação literária, quando aliada à narrativa histórica, consegue revelar.
Opinião:
Encontrámos nesta obra os principais momentos da instabilidade política vivida na ex-colónia portuguesa. Desde a insegurança interna inicial até à independência oficial do país, passando pela catastrófica invasão indonésia. Deparámo-nos com a realidade dramática vivida por um povo que foi, literalmente, chacinado com uma brutalidade animal e odiosa. Descobri muitos dos factos que culminaram na independência de Timor-Leste e, por isso, este livro surpreendeu-me e tocou-me.
A história é comovente, intensa e dilacerante e é contada com precisão e sem melodrama. Obrigou-me a parar para pensar no quão abominável e horrenda consegue ser a espécie humana, capaz de realizar males típicos dos animais selvagens.
É uma óptima criação literária, pois consegue aliar realidade e ficção na perfeição, captando a atenção e emoção do leitor, levando-o a reflectir. A narração é simples e directa e adapta-se muito bem ao conteúdo, fomentando a análise e crítica dos acontecimentos narrados.
Assim, A Ilha das Trevas é uma obra bem diferente da conhecida ficção do autor, essencialmente pelos acontecimentos históricos narrados. Vale a pena lê-la, pois o leitor dificilmente ficará indiferente aos acontecimentos contados numa linguagem jornalística.
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