A minha alma e eu…
“Vou partir...” – desabafou,
“Voltarei, por certo, um dia,
Quando encontrar a alegria
Que a ti não te encontrou.
Perguntas – Para onde vou?
Nem tu nem eu sabemos…”
Disse-me enquanto sorria,
Disse-me, enquanto fugia.
A minha alma e eu
Não nos entendemos…
Desde então que a minha alma
Tem visitado outras paragens,
Tem repousado noutras margens
Desfrutando dos rios a calma.
A minha alma vagueia por belos jardins,
Ousa embriagar-se de cores e de aromas.
A minha alma caminha, sem meios, com fins,
Liberta-se dos velhos e loucos sintomas…
E eu? Permaneço imóvel, impávida…
Ávida de sonhos, de emoções banais,
Num estado mortiço, ludibriante dormência,
Sem dar da vida quaisquer sinais.
A minha alma amanhece, floresce, contente!
Enquanto eu anoiteço, numa agonia crescente…
A minha alma agora vive
Alegre, desprendida,
Ora bailando divertida,
Ora desfrutando do silêncio
Que canta a música da vida.
De manhã, alegremente
Orvalha paz e euforia
E como quem a brisa desafia
Corre furiosamente!
No entanto, ao crepúsculo
Enquanto trovejo, ociosa,
Ri-se, de forma desdenhosa
Por tudo aquilo que eu não vejo…
Mais tarde, ao contemplar a lua
Envolvida pela escuridão, pela paz
Medita, numa maneira muito sua
De forma breve, fugaz…
A minha alma estava presa, adormecida
Agarrada a uma vivência entorpecida.
Agora passeia, serena e livremente
Invocando tudo o que possa ser vida.
A minha alma anseia percorrer um trilho sem fim,
Mas jamais poderá continuar sem mim…
E naquele escasso momento
A minha alma lembra o intento
Que tem, de me fazer feliz…
Chove então a pobre alma,
Chove abundantemente,
Chove as lágrimas que eu não choro
Chove e chora intensamente,
Com a latente esperança
De que irá ser tudo diferente…
Diz alguém que ela sorriu
Enquanto disse docemente
Que assim um dia, brevemente,
Talvez a chuva me encontre
E me conte finalmente
Tudo aquilo que ela viu…
Ângela Rodrigues
12º E
Nota: Deixamos esta pérola para se deliciarem durante o fim-de-semana.
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